Até meados do século XVIII, o território de Água Branca fazia parte da sesmaria de Paulo Afonso, que à época era Província de Alagoas conhecida pela denominação de Mata Grande, de propriedade do sertanista Paulo Viveiros Afonso que recebeu por Alvará Real de 03 de outubro de 1725, uma área territorial imensa que compreendiam os atuais municípios de Mata Grande, Piranhas, Delmiro Gouveia, Olho D’água do Casado, Pariconha, Inhapi, Canapi.

Sua fundação se deve a três irmãos portugueses da família Vieira Sandes: Faustino Vieira Sandes, José Vieira Sandes e João Vieira Sandes, naturais do Arquipélago dos Açores, em Portugal. Os irmãos saíram do Vale de Itiúba, povoação à margem do São Francisco, atualmente pertencente ao Município de Porto Real do Colégio (AL), e de Boacica, atualmente pertencente ao Município de Igreja Nova (AL), e seguiram rumo ao sertão alagoano com objetivo de desenvolver a região com implantação de fazendas, criação de gado e construção de vilas. Chegando na região da sesmaria de Paulo Afonso, fundaram a povoação. Para diferenciar de Mata Grande, foi denominado de Mata Pequena, Matinha de Água Branca ou Mata de Água Branca. O topônimo Água Branca originou-se de um conjunto de fontes naturais com águas límpidas e cristalinas existentes na região. Faustino Vieira Sandes, capitão da Guarda Nacional Imperial, foi o primeiro desbravador do Município de Água Branca. Imigrante português, nasceu em 1680 e faleceu em 1760, aos 80 anos. Teve três filhos: João Vieira Sandes (mesmo nome do seu irmão), Faustino Vieira Sandes (com seu mesmo nome) e José Vieira Sandes (mesmo nome do seu irmão). Nas famílias da época, era comum a repetição ou semelhança de nomes para identificar a origem genealógica de seus ancestrais nas futuras gerações.

Atraídos não só pelas boas pastagens que podiam oferecer a zona da caatinga, mas também principalmente pela riqueza da região serrana, as propriedades compreendidas na sesmaria foram arrematadas em leilão em 1769, na cidade de Recife (PE), pelo capitão Faustino Vieira Sandes (filho), que já estava de posse das terras por arrendamento. Com o decorrer dos anos, o comércio local foi se desenvolvendo com a criação de gado, engenhos, produtos da cana de açúcar, algodão e por grandes feiras de gado, peles e iguarias, fomentando a cadeia produtiva e o desenvolvimento local. Todos esses atrativos fizeram com que outros fazendeiros de diversos estados brasileiros, visitassem a região e alguns se instalassem na localidade.
No início da povoação, a família Vieira Sandes se instalou nas planícies da caatinga do sertão com o objetivo de criar gado, desbravando as fazendas Matinha, Boqueirão, Cobra, São Bento, Paraíso e Pedra. Aos poucos, se expandiram para a parte alta da região, construindo a Vila de Água Branca ao centro dos vales serranos adjacentes à Serra da Charneca, à Serra do Mulungu, Central, à Serra da Tatajuba, à Serra dos Gonçalves, à Serra do Canto, à Serra do Paraíso, à Serra do Mulungu, pelo lado oposto, e à Serra do Paraíso. No total, quatro vales distintos caracterizam a cidade de Água Branca e seus acidentes geográficos.
Em 1770, foi construída pelo Major Francisco Casado de Melo, a primeira igreja em plena mata equidistante de três núcleos de povoamento: Várzea do Pico, Olaria e Boqueirão. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário funcionou como principal edifício religioso da região até a construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.

No início do século XIX, as famílias Teodósio, Vieira, Viana e Félix iniciaram a povoação de Pariconha, se estabelecendo com a agricultura, pecuária e principalmente, com a criação de animais de pequeno porte. Segundo conta a história local, um ouricurizeiro cujos frutos continham duas conhas como eram chamadas as polpas desses frutos, deu origem ao nome da cidade, que era conhecida inicialmente como ‘Par-de-Conha’ e, depois, simplificado para Pariconha. Fixando numa localidade denominada “Povoado Caraibeiras dos Teodósios”, às margens do Rio Moxotó, a família Teodósios até hoje tem lá seus descendentes. Já o restante das famílias colonizadoras da região se estabeleceu no local onde hoje está a sede do município. Anos após a chegada desses primeiros colonizadores, um grupo da tribo de índios Jaripancós, originários do Município de Tacaratú (PE), mais precisamente de uma localidade chamada “Brejo dos Padres” instalou uma aldeia na Serra do Ouricuri, nas proximidades da povoação.
A história registra como fato importante a visita do Imperador Dom Pedro II, acompanhado por uma comitiva e também pela imperatriz Thereza Cristina, à Cachoeira de Paulo Afonso, datada de 20 de outubro de 1859, sendo assinalada em um marco de bronze que foi erguido no local próximo à Usina Angiquinho. Em seu Diário de Viagem, Dom Pedro II relata que visitou as localidades do Baixo do São Francisco, dentre elas, cita especificamente sobre Água Branca. Major Calaça, que era do município de Penedo, se mudou para Água Branca para se dedicar ao comércio e à criação de gado. Profundo conhecedor da região, o Major Calaça serviu de guia para o imperador. As informações acerca da flora e da fauna da região, fornecidas pelo Major, muito impressionou Dom Pedro. Em seu Diário, Dom Pedro II diz: “Já me estava vestindo, tendo acordado antes das 4, e às 4 e 37’ partimos dos Olhos d’Água para o Talhado, fazenda de gêneros alimentícios e algum gado que chamam por aqui, major Calaça [sic], que parece muito curioso de agricultura, possuindo na povoação de Água Branca, 6 léguas do Talhado, um sítio com muitas frutas, e entre elas uma banana que não conhecia, chamada dente-de-porco. As atas, ou pinhas, não têm fruto agora como sucede ao umbuzeiro de que o Calaça me mostrou um pé no caminho e abunda nestas paragens principalmente na mata de Água Branca. As atas, ou pinhas, não têm fruto agora como sucede ao umbuzeiro de que o Calaça me mostrou um pé no caminho e abunda nestas paragens principalmente na Mata de Água Branca”.
A filha do capitão Faustino Vieira Sandes (filho), Gertrudes Maria da Trindade, nascida no povoado Boqueirão, se casou com o pernambucano Theotônio Vitoriano de Siqueira Torres. Gertrudes Maria teve dez filhos, dentre eles, Joaquim Antônio de Siqueira Torres que nasceu em 1808. Joaquim Antônio era um homem de muitas posses, grande latifundiário, senhor de extensas fazendas, muitas cabeças de gado, bens diversos.

Por conta disso, ocupava posição privilegiada politicamente, assumindo cargos importantes na sociedade como capitão-mor e tenente-coronel da Guarda Nacional.
Em 1º de junho de 1864, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, subordinada eclesiasticamente à Diocese de Penedo pela Lei nº 413. O então capitão-mor Joaquim Antônio de Siqueira Torres doou um terreno e bancou toda a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, gastando boa parte de sua fortuna para a construção do templo religioso, que foi concluída em 1871.



Em 1872, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Água Branca tinha uma população de 5.730 indivíduos, sendo que 5.399 eram livres e 331 escravizados. Somente 247 “cidadãos” podiam votar.
Através da Resolução Provincial n. 681, em 24 de abril de 1875, Água Branca se emancipou desmembrando de Paulo Afonso e elevou a povoação para a categoria de Vila de Água Branca.

O vilarejo de Pedra se constituiu a partir da construção da Linha Férrea Paulo Afonso – Estação Pedra km 54,4, em 10 de julho de 1882. A denominação Pedra foi em razão de grandes rochas que existiam junto da estação. Era considerada uma povoação muito florescente. A Linha Férrea Paulo Afonso, teve trajeto inicial em Piranhas (AL) com destino final em Jatobá, atual Petrolândia (PE). Foi construída por ordem do Imperador Dom Pedro II, após viajar pelo Rio São Francisco e visitar a Cachoeira de Paulo Afonso em 1859. A intenção do Imperador era com que a linha férrea pudesse ligar, por ferrovia, o Baixo e o Alto São Francisco com o propósito integrar regiões e contribuir com o desenvolvimento regional, transportando pessoas e mercadorias, além de sua construção contratar mão de obra sertaneja e assim atenuar as consequências de secas que levavam a fome e morte milhares de sertanejos. Em 1903, a Linha Férrea foi arrendada à Companhia Great Western of Brasil Railway. Em 1964, foi desativada, existindo apenas o leito onde ficavam os trilhos, um tesouro deixado pelos ingleses dentro da caatinga do Sertão de Alagoas há mais de 100 anos.
No início do Governo Republicano em 1893, por divergências políticas entre o governador Gabino Suzano de Araújo Besouro e líderes políticos locais, o governador determinou a mudança da sede da Vila de Água Branca para a povoação da Vila do Capiá (hoje povoado Várzea do Pico), através do Ato Legislativo n. 35 de 30 de maio de 1893, para demonstrar força no município e prestigiar seus correligionários.
Na Vila do Capiá, durante muitos anos eram realizadas grandes feiras e corridas de gado, uma das maiores da região. A localidade também servia de ponto de pouso para as boiadas que vinham dos sertões pernambucanos e baianos, antes de seguirem viagem em direção a Maceió (AL) e Viçosa (AL). A localidade também apresentava atividades comerciais e uma capela dedicada a Santo Antônio. Não durou muito tempo, com afastamento do governador Gabino Besouro, foi sancionada a Lei n. 74 de 1° de junho de 1895, que logo devolveu definitivamente a sede para a Vila de Água Branca.
Em 1902, chegou à região vindo de Recife (PE), o cearense Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, após ter criado desavenças políticas e comerciais com os pernambucanos. Delmiro foi recebido calorosamente pelas famílias Torres e Luna, que dividiam o domínio sobre as terras na região. Delmiro ficou hospedado na Fazenda Cobra do Coronel e Senador Estadual, Ulysses Vieira de Araújo Luna. Em 1903, se estabeleceu em uma fazenda que denominou de Rio Branco, às margens da Ferrovia Paulo Afonso perto do vilarejo de Pedra, pertencente ao município de Água Branca. Delmiro concentrou seu comércio em couros de bovinos e peles de caprinos, construindo currais, açudes e curtumes. Com apoio dos irmãos Rossbach, firmou parceria com dois sócios italianos, Lionell Iona e Guido Ferrado, fundando a firma Iona&Cia, com sede em Maceió (AL). Fomentou o plantio de algodão para a própria indústria, criou a unidade de litografia para a confecção de rótulos comerciais, abriu estradas de rodagem em vários municípios, introduzindo os primeiros automóveis na região.
No dia 31 de julho de 1907, o governador de Alagoas, Euclides Vieira Malta e sua comitiva estiveram no vilarejo de Pedra para conhecer a Cachoeira de Paulo Afonso. Euclides, dormiu na fazenda de Delmiro Gouveia e no dia seguinte, visitou a cachoeira. Um almoço foi oferecido no local por Delmiro Gouveia, e logo após, retornaram para o vilarejo de Pedra. No dia seguinte, 2 de agosto, a delegação governamental viajou a cavalo para Água Branca. A recepção e o almoço aconteceram na casa do senador Coronel Ulisses Luna. Antes, o governador visitou a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição e algumas escolas do município.

Em 26 de janeiro de 1913, Delmiro Gouveia impulsiona a eletrificação nordestina e inaugura a Usina de Angiquinho, com 1.500HP e 3KV de voltagem, geradores alemães e suíços em terras do Município de Água Branca. Desta forma, Delmiro Gouveia com grande capacidade de trabalho, conseguiu instalar no vilarejo de Pedra, luz elétrica e água canalizada vindos da Cachoeira de Paulo Afonso. Delmiro ficou conhecido como “o pioneiro” por ter construído a primeira usina hidrelétrica da Região Nordeste e a segunda do Brasil, com água captada na Cachoeira de Paulo Afonso, utilizando tecnologia suíça e alemã e capital norte-americano.
Em 06 de junho de 1914, Delmiro instalou uma fábrica de linha com o nome de “Companhia Agro Fabril Mercantil” (conhecida como Fábrica da Pedra) e a Vila Operária, com cerca de 200 casas de alvenaria, atraindo para a região muitos moradores e trazendo desenvolvimento para região. A fábrica proporcionou muitos empregos. O vilarejo de Pedra (ou Vila Operária como ficou conhecida) dispunha ainda de telégrafo, telefone, tipografia, capela, cinema, lavanderias, fábrica de gelo, grandes armazéns de depósitos e escola para crianças e adultos.

No dia 10 de outubro de 1917, Delmiro Gouveia estava na varanda de seu chalé, perto da Fábrica da Pedra, quando foi assassinado com três tiros. No mesmo ano, aconteceu a construção de uma Capela no vilarejo de Pedra, a pedido de Mariêta Ionas, esposa do italiano Lionelo Ionas, sócio de Delmiro Gouveia que, por devoção, desejava construir uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário. A construção da Capela ocorreu com financiamento direto da Fábrica de Pedra. Em 1918, a Capela foi inaugurada e logo passou a celebrar cerimônias religiosas na localidade. A imagem de Nossa Senhora do Rosário, foi trazida da Itália e chegou ao vilarejo de Pedra, no trem Maria Fumaça que existia na época. A Capela pertenceu, em seu aspecto administrativo, pastoral e territorial, à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição em Água Branca, até 30 de março de 1951, quando foi criada a Paróquia Nossa Senhora do Rosário.

Em 02 de junho de 1919, através da Lei nº 805, a Vila de Água Branca passou para à categoria de Cidade de Água Branca. Em homenagem ao empreendedor Delmiro Gouveia, a vila operária passou a ser conhecida como “Pedra de Delmiro Gouveia” que passou a se tornar Distrito de Pedra através do decreto Lei nº 846 de 01 de novembro de 1938 da Intervenção Federal.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o Município de Água Branca é constituído de dois distritos: Água Branca e Pedra. Pelo decreto-lei estadual nº 2909, de 30 de dezembro de 1943, o Distrito de Pedra passou a denominar-se Delmiro. Em divisão territorial datada de 1 de julho de 1950, o Distrito de Delmiro figura no Município de Água Branca.
A Lei nº 1628, de 16 de junho de 1952, de autoria do água-branquense e deputado estadual, Mário Fernandes Torres, sancionada pelo governador Arnon de Mello, desmembra do Município de Água Branca, o Distrito Delmiro, elevado à categoria de Município com a denominação de Delmiro Gouveia, sendo instalado somente em 14 de fevereiro de 1954. A Vila da Pedra, antes de se emancipar como cidade, passou 77 de anos de sua administração (1875-1952) subordinada ao Município de Água Branca.
Em 25 de novembro de 1947, teve início a construção da Igreja Sagrado Coração de Jesus, no povoado Pariconha. A obra foi iniciativa do bispo de Penedo (AL), Dom Fernando, que, ao vir celebrar uma missa na comunidade, observou que a igrejinha existente era muito pequena para a quantidade de católicos do localidade. A iniciativa contou apoio do Padre Epifânio Moura, pároco de Água Branca. A obra da Igreja Sagrado Coração de Jesus foi concluída em 20 de abril de 1950.

Em 01 de maio de 1962, através da Lei 2.240, foram criados o Distrito Judiciário de Pariconha e seu Cartório de Registro Civil. Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o Distrito de Pariconha figura no Município de Água Branca, assim permanecendo em divisão territorial de 1º de julho de 1983.
Em 05 de outubro de 1989, Pariconha foi elevado à categoria de Município se desmembrando de Água Branca pelo artigo 41, inciso III, do ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição Estadual, mas foi suspensa por liminar na justiça. A sua emancipação definitiva ocorreu em 07 de abril de 1992, após o projeto de emancipação ser aprovado na Assembleia Legislativa de Alagoas. Sua instalação permanente só aconteceu em 01 de janeiro de 1993. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.